ABELHAS SEM FERRÃO E A POPULAÇÃO DE SALINAS: SABERES E RELAÇÕES NO SEMIÁRIDO DE MINAS GERAIS

Autores

  • Samuel Machado Abreu Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
  • Carlos Ortúzar-Ferreira Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
  • Aníbal Souza Felipe-Silva Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais/IFNMG, Salinas, MG
  • Rodrigo Gredilha-Duarte Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.61164/rmnm.v8i1.3838

Palavras-chave:

Abelhas sem ferrão; Conhecimento tradicional; Meliponicultura; Semiárido mineiro; Conservação ambiental.

Resumo

As abelhas sem ferrão desempenham um papel fundamental na polinização de diversas plantas tropicais e na conservação dos ecossistemas, especialmente em regiões predominantemente de clima semiárido como o norte do estado de Minas Gerais. Este estudo teve como objetivo investigar a percepção dos moradores do município de Salinas, MG, sobre essas abelhas, articulando saberes populares, conservação ambiental e práticas de meliponicultura. A metodologia consistiu em entrevistas semiestruturadas realizadas com 55 moradores, utilizando questionários aplicados presencialmente no Mercado Municipal. As respostas foram analisadas segundo a técnica de análise de conteúdo categorial. Os resultados revelaram que, apesar do baixo conhecimento técnico-científico, os moradores demonstram reconhecimento da importância ecológica das abelhas sem ferrão, principalmente no que se refere à polinização e à produção de mel. Também foi identificada uma valorização cultural dessas abelhas, associada à transmissão oral de saberes tradicionais. No entanto, persistem lacunas no acesso à informação e à assistência técnica, o que limita o desenvolvimento da meliponicultura local. O estudo destaca a relevância de ações educativas e de políticas públicas que promovam o fortalecimento do conhecimento popular aliado à ciência, incentivando o manejo sustentável e a conservação da biodiversidade em contextos semiáridos.

Referências

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2016.

BROWN, Mark JF; PAXTON, Robert J. Die Erhaltung der Bienen: Eine globale. Apidologie, v. 40, p. 410-416, 2009. https://doi.org/10.1051/apido/2009019 DOI: https://doi.org/10.1051/apido/2009019

BURNS, Katherine LW; STANLEY, Dara A. The importance and value of insect pollination to apples: a regional case study of key cultivars. Agriculture, Ecosystems & Environment, v. 331, p. 107911, 2022. https://doi.org/10.1016/j.agee.2022.107911 DOI: https://doi.org/10.1016/j.agee.2022.107911

CARIVEAU, Daniel P.; WINFREE, Rachael. Causes of variation in wild bee responses to anthropogenic drivers. Current Opinion in Insect Science, v. 10, p. 104-109, 2015. https://doi.org/10.1016/j.cois.2015.05.004 DOI: https://doi.org/10.1016/j.cois.2015.05.004

DA SILVA, Vanessa Gabrielle Valente; TIMM, Fernanda. Manejo de polinizadores nativos em culturas agrícolas sustentáveis: um delineamento baseado em revisão sistemática. Cadernos de Agroecologia, v. 19, n. 1, 2024. Disponível em: https://revistas.aba-agroecologia.org.br/rbagroecologia/article/view/301494. Acesso em: 4 abr. 2025.

FERNANDES, Anderson; SAMPAIO, Wagner Martins Santana; BARTH, Adriane; ROCHA, Marla Piumbini. Abelhas encontradas no sudoeste do Mato Grosso, Brasil. Evolução e Conservação da Biodiversidade, v. 3, n. 2, p. 68-71, 2012. https://doi.org/10.7902/ecb.v3i2.11 DOI: https://doi.org/10.7902/3issecbvol2.2012n11

GIANNINI, T. C. et al. Crop pollinators in Brazil: a review of reported interactions. Apidologie, v. 46, p. 209-223, 2015. https://doi.org/10.1007/s13592-014-0316-z DOI: https://doi.org/10.1007/s13592-014-0316-z

HEINRICH, Bernd. The hot-blooded insects: strategies and mechanisms of thermoregulation. Harvard University Press, 1993. https://doi.org/10.4159/harvard.9780674418516 DOI: https://doi.org/10.4159/harvard.9780674418516

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mapa de clima do Brasil. 2002.

INMET – Instituto Nacional de Meteorologia. Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa. Dados da Rede do INMET. 2016.

IMPERATRIZ-FONSECA, Vera Lucia et al. A iniciativa brasileira de polinizadores e os avanços para a compreensão do papel dos polinizadores como produtores de serviços ambientais. Biosci. J., Uberlândia, v. 23, p. 100-106, 2007.

KEARNS, Carol Ann; INOUYE, David William. Pollinators, flowering plants, and conservation biology. Bioscience, v. 47, n. 5, p. 297-307, 1997. https://doi.org/10.2307/1313191 DOI: https://doi.org/10.2307/1313191

LAMB, David; ERSKINE, Peter D.; PARROTTA, John A. Restoration of degraded tropical forest landscapes. Science, v. 310, n. 5754, p. 1628-1632, 2005. DOI: https://doi.org/10.1126/science.1111773

NOGUEIRA-NETO, Paulo. Vida e criação de abelhas indígenas sem ferrão. Acesso em: 1 abr. 2025., 1997 p. 446-446.

OLLERTON, Jeff; WINFREE, Rachael; TARRANT, Sam. How many flowering plants are pollinated by animals?. Oikos, v. 120, n. 3, p. 321-326, 2011. https://doi.org/10.1126/science.1111773 DOI: https://doi.org/10.1111/j.1600-0706.2010.18644.x

PINTO, Catherine Dayane Santos et al. Explorando recursos didáticos para ensinar sobre a importância dos insetos polinizadores. Revista Ponto de Vista, v. 12, n. 3, p. 01-20, 2023. https://doi.org/10.47328/rpv.v12i3.16649 DOI: https://doi.org/10.47328/rpv.v12i3.16649

PARMESAN, Camille. Ecological and evolutionary responses to recent climate change. Annu. Rev. Ecol. Evol. Syst., v. 37, n. 1, p. 637-669, 2006. https://doi.org/10.1146/annurev.ecolsys.37.091305.110100 DOI: https://doi.org/10.1146/annurev.ecolsys.37.091305.110100

ROUBIK, David W. Stingless bee nesting biology. Apidologie, v. 37, n. 2, p. 124-143, 2006. https://doi.org/10.1051/apido:2006026 DOI: https://doi.org/10.1051/apido:2006026

SANTOS, Rubens Manoel et al. Riqueza e similaridade florística de oito remanescentes florestais no norte de Minas Gerais, Brasil. Revista Árvore, v. 31, p. 135-144, 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-67622007000100015

SANTOS, Juliana Brito et al. Mudanças climáticas e o declínio das abelhas. Terrae Didatica, v. 18, p. e022022-e022022, 2022.

https://doi.org/10.20396/td.v18i00.8669210 DOI: https://doi.org/10.20396/td.v18i00.8669210

ULYSHEN, Michael et al. As florestas são extremamente importantes para a diversidade global de polinizadores e aumentam a polinização em culturas adjacentes. Biological Reviews, v. 98, n. 4, p. 1118-1141, 2023. DOI: https://doi.org/10.1111/brv.12947

VAN DRUNEN, Stephen G. et al. Flower plantings promote insect pollinator abundance and wild bee richness in Canadian agricultural landscapes. Journal of Insect Conservation, v. 26, n. 3, p. 375-386, 2022. https://doi.org/10.1007/s10841-022-00400-8 DOI: https://doi.org/10.1007/s10841-022-00400-8

VILLAS-BÔAS, J. K. As abelhas nativas e a experiência da meliponicultura. In: VILLAS-BÔAS, A. et al. (orgs.). Xingu: histórias dos produtos da floresta. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2017. p. 93–120. Disponível em:

https://www.fundoamazonia.gov.br/export/sites/default/pt/.galleries/documentos/acervo-projetos-cartilhas-outros/ISA-Sociobiodiversidade-Xingu-historia-produtos-floresta.pdf. Acesso em: 4 jan. 2025.

VISSER, Marcel E.; BOTH, Christiaan. Shifts in phenology due to global climate change: the need for a yardstick. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, v. 272, n. 1581, p. 2561-2569, 2005.

https://doi.org/10.1098/rspb.2005.3356 DOI: https://doi.org/10.1098/rspb.2005.3356

Downloads

Publicado

2025-04-30

Como Citar

Abreu, S. . M., Nei Ortúzar-Ferreira, C. ., Felipe-Silva, A. S. ., & Gredilha-Duarte, R. (2025). ABELHAS SEM FERRÃO E A POPULAÇÃO DE SALINAS: SABERES E RELAÇÕES NO SEMIÁRIDO DE MINAS GERAIS. Revista Multidisciplinar Do Nordeste Mineiro, 8(1), 1–15. https://doi.org/10.61164/rmnm.v8i1.3838

Artigos Semelhantes

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.